segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Destino

Estranho destino
O deste menino
Estranho e sozinho.

Cruzou seu caminho,
Feroz e letal,
Medonho animal
Saído dos sonhos
Dos seres medonhos
Dalgum matagal
Do etéreo onde o Mal
Assenta-se além.

As garras das patas,
O fogo nas vistas,
As presas à mostra,
À destra e à sestra
O seu corpanzil,
tal qual pau-brasil,
Vermelho, e delgado,
Em ágil bailado
Que lembra um felino
Confunde o menino,
Pois não lhe parece
Tentar atacá-lo;
Talvez assaltá-lo
Enquanto assustado
Por ver-se cercado
Seu medo lhe cresce.

Não logra fugir,
Não há discutir
Tentar escapar
À besta sem par,
Tenaz assassina
Que vidas rapina,
Sem pares no ardil,
Que o Inferno pariu?

Assim lhe parece.

No auge do transe
A testa ele franze
Agora que nota
Que tal besta ignota
Está refletida,
E é só seu reflexo,
A sombra e o anexo
Da fera temida,
Que agora o detém.

"Não posso entender;
Se dei com o espelho,
Mas não apareço;
Pois desde o começo
Que quem quer se ver,
Quão jovem, quão velho,
Se gordo, se esguio,
Atenta ao reflexo,
E nada mudou..."

"E nada mudou",
Responde-lhe a fera,
"O mundo é o mesmo.
A fera que espera
Diante do espelho
Já foi um menino
De estranho destino,
Que em mim se tornou".

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