Meu receio não transmite sossego,
Meu silêncio não me aquece, e nego...
Quando trago sua mão ao meu peito
Com a convicção de que suspeito,
Quente a sensação, gelado o desejo,
Frio no coração, calor no beijo,
Cálculos tão frios, tão quentes enganos,
Todos derretidos pelos anos...
Sofro sem sofrer, mas sofro assim mesmo.
Eu medito quando queimo a esmo.
Este desespero não me abandona,
Não sou o Romeu de Verona...
Mas a Primavera canta aquecida,
Excita os invernos da vida.
Não é do olhar frio que brota a tristeza,
Senão do calor da beleza
Quando ergo minhas mãos para o céu.
É triste o anil do seu véu
Quando meu olhar não tem endereço -
Só vejo este teto de gesso.
quinta-feira, 9 de junho de 2022
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